PENASCOSA À NOITE

Cheguei ao sítio de Penascosa, no Parque Arqueológico do Côa, por volta das 19h30. Ainda era dia, mas a noite não demoraria a chegar. Faltavam uns 30, talvez 40 minutos. Aproveitei essa “folga” para fazer algumas fotos na beira do rio. Como se percebe na primeira imagem deste post, em Penascosa o Côa forma um vale bem aberto. Do lado de cá, na margem direira, há quase 30 rochas com gravuras. Do lado de lá, são mais de 60. A datação da maioria remete ao período mais antigo da arte rupestre naquela região: o Paleolítico Superior.

Rio Côa na altura do sítio arqueológico de Penascosa: quase 30 rochas com gravuras de um lado e mais de 60 do outro

Rio Côa na altura de Penascosa: quase 30 rochas com gravuras paleolíticas de um lado e mais de 60 do outro

Assim que começou a escurecer, juntei minha tralha e segui para as rochas. Ou melhor, fui direto à Rocha 3, na qual se observa um conjunto de animais sobrepostos, principalmente cabras e auroques. Para o arqueólogo António Martinho Baptista, diretor do parque, há uma clara associação simbólica entre as duas espécies – cujo significado, provavelmente, jamais sairá do campo das hipóteses. “Quem analisa a temática do Côa, a maneira de elaborar as figuras, verifica que todas elas são extremamente bem calibradas em termos estéticos”, diz o arqueólogo (aqui). “Tinham de ser [os autores] artistas de corpo inteiro. Daí serem chamados de verdadeiros iniciados na arte da gravura.”

Rocha 3: vários animais, principalmente cabras e auroques

Rocha 3: vários animais, principalmente cabras e auroques

Da Rocha 3 passei à 5. Depois, à Rocha 6. E foi só. Voltei para Castelo Rodrigo, onde estava hospedado, meio que entorpecido. A escuridão, o céu absurdamente estrelado, as gravuras destacadas pelo jogo de luz e sombra… Uma noite para nunca mais ser esquecida.

Rocha 6, na qual estão gravados dois cavalos e dois machos de cabra-montês

Rocha 6, na qual estão gravados dois cavalos e dois machos de cabra-montês

Detalhe da Rocha 5: outro macho de cabra-montês, uma das espécies mais comuns do Côa paleolítico

Detalhe da Rocha 5: outro macho de cabra-montês, uma das espécies mais comuns do Côa paleolítico

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

UMA CABRA DE 10 MIL ANOS… OU MAIS!

UMA CABRA DE 10 MIL ANOS… OU MAIS!

Esta é a Rocha 5B, no sítio arqueológico de Penascosa, Vale do Côa. Percebe o desenho de uma cabra gravado no xisto? Ele foi feito há 10 mil anos ou mais. É arte paleolítica – ou pré-histórica, se preferir assim. Segundo … Continuar lendo