Jamais subestime um dia de céu carrancudo no Douro.
© Foto: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados
Adoro esta foto, nem sei por que eu ainda não a tinha publicado aqui no blog. Mas posso explicar direitinho o motivo que me faz gostar tanto dela: essa imagem pertence a um conjunto que me traz as melhores recordações. … Continuar lendo
Esse lugarzinho lindo, sobranceiro ao Rio Pinhão, é o povoado de Vale de Mendiz, no Alto Douro. As inquirições gerais de 1220, sob o reinado de D. Afonso II, referem-se a ela como Valem Menendo Dias, então um povoado sob posse administrativa … Continuar lendo
Douro, entre Peso da Régua e Pinhão. Vê o afloramento rochoso no primeiro plano? É xisto, o ingrediente típico do solo duriense. Rocha metamórfica, fortemente laminada. Por entre as lâminas, a água da chuva penetra, e vai se acomodando lá embaixo, a vários … Continuar lendo
Olha aí um exemplo da “partitura de socalcos” citada no post anterior. Essas são encostas da margem esquerda do Douro, entre as vilas de São João da Pesqueira e Pinhão. Observe como o solo parece rochoso. Seu principal componente é o xisto, uma rocha meio “mole”, que dá origem a um substrato de drenagem praticamente livre. Isso obriga a videira a criar raízes profundas para resistir à parca umidade e à escassez de chuvas. No caso das vinhas velhas, com 70 anos de idade ou mais, elas podem chegar a 25 metros de profundidade. Essas características, somadas ao relevo acidentado, aos verões escaldantes e aos inversos rigorosos, são determinantes. É delas que nasce toda a singularidade dos vinhos do Douro.
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Volto ao Pinhão só para dar uma dica: bem mais legal que comprar vinhos e azeites na simpática lojinha da estação ferroviária é ir direto à fonte – a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, distante apenas 5 quilômetros da vila. A propriedade é linda. Proporciona belas vistas sobre o Rio Douro. E tem um restaurante muito bom. Quando estive lá, em outubro de 2012, combinei meu almoço com uma prova de vinhos. As harmonizações foram determinadas pelo chef. Tomei um branco (Grainha) com a entrada, dois tintos (Colheita e Reserva) com os pratos seguintes e um porto (Clã) com a sobremesa. Nos intervalos, chazinho de folha de videira para zerar minhas papilas gustativas. Recomendo.
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Pinhão, essa vilazinha de 600 e poucos habitantes, é o coração do Alto Douro vinhateiro. Ela fica bem no meio do Cima Corgo, o pedaço mais nobre da região demarcada. O que se vê circulando por suas estradinhas é uma quantidade assombrosa de vinhedos. Todas as principais marcas de vinho do porto e de mesa têm propriedades por lá.
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Quer saber? Vou tocar mais uma semana de Douro aqui no blog. E mais: aproveitando a deixa do post anterior, continuarei na estação ferroviária de Pinhão. Os trilhos que aparecem na foto, você já deve saber, são da Linha do … Continuar lendo
Essa é a estação ferroviária de Pinhão, em atividade desde 1880 – época em que o Brasil ainda era império. Ela tem 24 painéis de azulejos bem bonitos, que retratam diferentes fases da vindima (a colheita das uvas) no Douro. Pegar o trem aqui, ir até Tua ou Pocinho e voltar é uma delícia. Na estação, há uma pequena loja da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Dá para comprar vinho do porto, vinho de mesa, azeite, chá de folhas de videira… Tudo de excelente qualidade.
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Saio avisando logo de cara que isto é um ranking totalmente despretensioso. Longe de mim afirmar que essas são “as melhores” ou “as mais bonitas” quintas do Douro. Há dezenas de propriedades incríveis espalhadas pela região. As reunidas aqui são apenas as 5 mais legais entre as 8 que eu conheço. Não garanto, portanto, que sejam “as mais isso ou aquilo”. Mas afirmo sem medo nenhum de errar que todas elas vão valer cada segundo da sua visita.
QUINTA DO CRASTO – Fica na margem direita do Douro, entre a cidade de Peso da Régua e a vila de Pinhão. Pertence à família de Leonor e Jorge Roquette há mais de um século. Hoje, é uma quinta moderna, que usa tecnologias de ponta na vinificação. Mas continua recorrendo ao tradicional método da pisa das uvas na produção de certos vinhos. O tinto Reserva Vinhas Velhas é assíduo frequentador das listas de melhores do ano. Quanto aos vinhos do porto… Bem, digamos que você pode comprar qualquer LBV ou vintage de olhos fechados. São todos excelentes.
WINE & SOUL – É uma quinta bem pequena, de apenas 6 hectares, mas que produz vinhos de altíssima qualidade. São apenas 3 os seus rótulos, todos de produção limitada: Pintas Tinto, Pintas Porto Vintage e Guru (branco). A Wine & Soul pertence aos enólogos Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges, que nunca estiveram nem aí para produção em escala. O negócio deles é fazer “vinhos de autor”. A propriedade fica em Vale de Mendiz, entre Pinhão e Favaios.
VALE DONA MARIA – De 2001 para cá, essa quinta vem produzindo alguns dos melhores vinhos do Douro, incluindo tintos e portos. Cerca de um terço dos seus 40 hectares plantados é ocupado por parreiras com mais de 50 anos. Isso quer dizer que elas produzem menos, mas suas uvas são especialmente nobres. Sandra Tavares da Silva, responsável pelo Pintas na Wine & Soul, é a principal enóloga aqui também. Muita gente credita a ela o caráter elegante e refinado que hoje é marca registrada dos vinhos produzidos na Vale Dona Maria.
VARGELLAS – A visão que se tem lá do alto, ainda no portão de entrada, é sensacional. Sozinha, ela já valeria o passeio. Mas recomendo fortemente uma visita completa. Desça a estradinha que atravessa os vinhedos e vá até a linha férrea que margeia o rio, lá no fundo do vale. Sem pressa. No caminho, você vai passar pelas famosas vinhas velhas de Vargellas, algumas com mais de 100 anos. A quinta foi comprada pela Taylor´s no fim do século 19, quando já era famosa pela qualidade do vinho que produzia. De lá para cá, a coisa só melhorou. Ela fica relativamente perto de São João da Pesqueira, com acesso pela estrada que leva à barragem de Valeira.
ERVAMOIRA – É a mais remota das 5 propriedades listadas aqui. Fica perto de Vila Nova de Foz Côa, na região denominada Douro Superior. Foi adquirida pela casa Ramos Pinto em 1974. Passados 40 anos, tornou-se uma das quintas mais emblemáticas de Portugal. As parreiras que recobrem seus 150 hectares de área cultivada têm, em média, 30 anos de idade. Elas dão origem a vinhos do porto excelentes e tintos de qualidade bem acima da média, como o respeitado Duas Quintas. Vista do lado de lá do Rio Côa ao nascer do sol ou ao entardecer, é uma coisa de louco.
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