A MELHOR DO SÉCULO

Tem muito especialista em vinho português afirmando que a colheita de 2018, sobretudo no Douro, foi excelente, talvez a melhor do século. Não em quantidade, mas em qualidade. Um desses experts é o crítico Pedro Garcias, que assinou recentemente um artigo no portal de notícias Público tratando justamente dessa expectativa (para lê-lo na íntegra, clique aqui). Reproduzo a seguir alguns trechos do texto. E fotos inéditas do Douro, clicadas em outubro de 2012.

Douro

“Se em Portugal existisse a tradição das vendas de vinhos en primeur (ainda antes de serem engarrafados e chegarem ao mercado), valia a pena fazer já algumas compras de vinhos da colheita de 2018. Em algumas regiões ainda se vindima, mas do que se conhece pode afirmar-se com segurança que o ano de 2018 vai ter um lugar reservado na galeria das colheitas antológicas em Portugal. Sobretudo nos tintos. Com alguma probabilidade, poderá ser mesmo a melhor deste século — e nestes 18 anos já houve várias colheitas extraordinárias.”

Douro

“Falo de qualidade. Em quantidade, foi menor. Houve muitos problemas um pouco por todo o país, como queda de granizo, ataques severos de míldio e escaldão. No início de agosto, quando as temperaturas se aproximaram dos 50 graus durante alguns dias, o cenário era quase catastrófico. As uvas mais expostas cozeram e secaram e o que se começou a ver em muitas vinhas — cachos ressequidos ao pendurão — fez aumentar ainda mais o ambiente depressivo que se havia instalado com as trovoadas da primavera e o avanço do míldio. Mas, curiosa ironia, a vaga de calor dos primeiros dias de agosto acabou por ter algo de providencial, porque permitiu estancar o míldio (a partir de certa temperatura, a doença deixa de progredir) e poupar os viticultores a mais tratamentos fitossanitários.

Ao contrário do oídio, o míldio não afecta a qualidade do vinho, apenas influi na quantidade. Depois de atacadas, as uvas ou não nascem ou secam. Ora, menos uvas é quase sempre sinónimo de maior qualidade. No Douro, o povo diz que “ano de míldio é ano vintage. Claro que ano vintage para uns é ano horribilis para outros, sobretudo para aqueles que dependem da venda de uvas. Houve gente que perdeu quase tudo nesta colheita. Esses, e foram muitos, não terão boas recordações de 2018, nem merecem que se fale em vindima gloriosa. Seria gloriosa se fosse genericamente muito produtiva e de grande qualidade.

Vindimas dessas acontecem muito raramente. E, com as alterações climáticas, a probabilidade de acontecerem é, em boa verdade, mais diminuta. Há cada vez mais fenómenos climáticos extremos e os ciclos da vinha tornaram-se mais imprevisíveis.”

Douro

“Neste ano agrícola, o inverno foi frio e seco, o que é sempre bom para a necessária dormência da vinha. Mas foi também pouco chuvoso (68% abaixo do valor médio). No final da estação, 84% do território nacional estava em seca severa e extrema. Na colheita de 2017, as vinhas já chegaram ao final do seu ciclo em completo stress hídrico. Uma primavera pouco chuvosa e um verão novamente seco e seria uma tragédia. A videira, apesar de muito resistente, também tem os seus limites. Mas a primavera prolongou o frio do inverno e trouxe muita chuva (e muito míldio, como já foi dito). Foi a terceira primavera mais chuvosa desde 1931. Encheram-se as barragens e as terras de água e o frio foi atrasando a rebentação da vinha. Em 2017, quando chegámos a agosto, as uvas estavam prontas a vindimar, apanhando toda a gente de surpresa. Este ano, o verão chegou tarde e a maturação foi-se alongando no tempo certo, arrastando o grosso da vindima para setembro e outubro, como antigamente. A partir de setembro, a amplitude térmica também foi aumentando (dias quentes e noites mais frescas) e o fim da maturação decorreu nas condições ideais, com tempo seco.

Foi uma vindima sem chuva e isso é sempre um factor determinante na qualidade da produção. Mas o que verdadeiramente distingue a colheita de 2018 é o extraordinário equilíbrio dos vinhos. No Douro, por exemplo, as uvas chegaram perfeitas à adega, sãs e com um equilíbrio pouco comum em termos de acidez e álcool provável. “Em tintos, é uma vindima muitíssima boa, das mais equilibradas que tenho visto. Tanto para DOC Douro como para Porto. Nos brancos, é uma colheita boa, não extraordinária”, assegura Luís Sottomayor, o director de enologia da Casa Ferreirinha.”

Douro

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout

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