O PALÁCIO DA VILA DE SINTRA

Sabia que o Palácio Nacional de Sintra, também conhecido como Palácio da Vila, foi usado pela família real portuguesa até o fim da monarquia, em 1910? Sua construção teve início no século 15, mas não se sabe quem foi o arquiteto … Continuar lendo

A PORTA FÉRREA DE COIMBRA

Esta galeria contém 5 imagens.

É por aqui que a gente entra, em grandessíssimo estilo, no Paço das Escolas, o lugar mais emblemático de Coimbra. Justamente por isso, trata-se de uma porta espetacular, carregada de símbolos que remetem à universidade. Mas tem um detalhe: as fotos … Continuar lendo

Cap 4 – BATALHA (CAPELA DO FUNDADOR E CAPELAS IMPERFEITAS)

Mais uma rodada de pré-edição das fotos do Mosteiro da Batalha, produzidas em duas viagens a Portugal: 2009 e 2014. Desse conjunto de 11 imagens, restarão apenas quatro, duas de cada ambiente. Quais você escolheria? Deixe um comentário com a … Continuar lendo

COLÉGIO DO ESPÍRITO SANTO

Caros leitores, permitam-me apresentar-lhes a segunda instituição acadêmica mais antiga de Portugal: a Universidade de Évora, fundada em 1559 a partir do antigo Colégio do Espírito Santo, cujo edifício é precisamente esse que aparece na imagem. Fiz questão de visitá-la … Continuar lendo

CONEXÃO ELVAS-BRASIL

Os bem informados leitores deste blog, ou pelo menos aqueles que são brasileiros, devem estar fartos do noticiário recente, repleto de escândalos de corrupção envolvendo altas patentes do poder público. Pois saiba você, indignado contribuinte, que a mania de tungar os cofres públicos não é novidade. Ela vem de longe, muito longe. Está entre nós desde os tempos das capitanias hereditárias. Foi o que eu descobri ao pesquisar conexões entre a história do Brasil e a cidade de Elvas, o maravilhoso patrimônio mundial português retratado nestas fotos.

Os parágrafos reproduzidos a seguir foram extraídos do livro História do Brasil para Ocupados, uma coletânea de artigos organizada pelo historiador Luciano Figueiredo, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Leia e perceba como pouca mudou nos últimos 500 e tantos anos no que se refere a desvios de verbas em obras públicas.

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A muralha de Elvas: integrante do conjunto declarado patrimônio mundial em 2012

“Ao decretar a instauração do governo-geral, em dezembro de 1548, a Coroa [portuguesa] pretendia não apenas garantir a defesa da terra e a cobrança de impostos: queria assegurar também a aplicação da Justiça real no Brasil. O homem escolhido para a árdua tarefa foi o desembargador Pero Borges, ex-corregedor de Justiça no Algarve. Alvará régio assinado em Almeirim, no dia 17 de dezembro de 1548, nomeou-o primeiro ouvidor-mor do Brasil, determinando que “todas as autoridades e moradores da colônia lhe obedeçam, e cumpram inteiramente suas sentenças, juízos e mandados, em tudo o que ele (…) fizer e mandar”. No mesmo dia e local, Borges recebeu o regimento que definia seus poderes e atribuições. Ao contrário dos regimentos concedidos ao governador-geral e ao provedor-mor, o do ouvidor-geral nunca foi encontrado. De todo modo, uma carta enviada ao rei por Pero Borges em fevereiro de 1550 permite recuperar as prerrogativas do cargo. Com isso, sabe-se que seus poderes se equiparavam aos dos desembargadores da Casa da Suplicação – que eram os magistrados de mais alto nível em Portugal, exceção feita aos desembargadores do Paço.”

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A fortaleza de Nossa Senhora da Graça vista do Forte de Santa Luzia: duas jóias alentejanas

“Como suprema autoridade da Justiça na colônia, o ouvidor-geral podia condenar à morte (sem apelação) indígenas, escravos e “peões cristãos livres”, desde que o governador-geral concordasse com a pena. Em caso de discordância, o réu e os autos do processo deveriam ser enviados para um corregedor em Portugal. Nas “pessoas de mor qualidade”, o ouvidor tinha “alçada até cinco anos de degredo” e, no cível, “alçada de até 60 mil reais” – o triplo da alçada concedida aos donatários e o dobro da dos tribunais da Corte. Borges estava autorizado também “a entrar nas terras dos donatários por correição e ouvir nelas ações novas e velhas”. Embora devesse permanecer “sempre na mesma capitania em que o governador se encontrar (salvo havendo ordem em contrário ou se o bem do serviço assim o exigir)”, os poderes de Pero Borges eram independentes dos de Tomé de Sousa – que, aliás, não tinha autorização para castigar ou anistiar, a não ser em comum acordo com o ouvidor-geral.”

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Forte da Santa Luzia: construído entre 1641 e 1648 por causa da Guerra de Restauração

“Mas o homem que chegou à colônia com a missão de distribuir justiça não tinha ficha limpa. Em 1543, enquanto exercia o cargo de corregedor de Justiça em Elvas, no Alentejo, próximo à fronteira com a Espanha, Pero Borges foi encarregado pelo rei de supervisionar a construção de um aqueduto. Quando as verbas se esgotaram sem que o aqueduto estivesse pronto, “algum clamor de desconfiança se levantou no povo”, conforme registrado por Vitorino de Almada em Elementos para um Dicionário de Geografia e História Portuguesa, editado em Elvas em 1888. Os vereadores da Câmara de Elvas escreveram ao rei solicitando uma investigação. Em 30 de abril de 1543, D. João III autorizou a abertura de um inquérito. Uma comissão averiguou detidamente as contas e apurou que Borges “recebia indevidamente quantias de dinheiro que lhe eram levadas a casa, provenientes das obras do aqueduto, sem que fossem presentes nem o depositário nem o escrivão”. O prosseguimento das investigações comprovou que Borges havia desviado 114.064 reais – cerca de 50% do total da verba e o equivalente a um ano de seu salário como corregedor. No dia 17 de maio de 1547, depois de o julgamento ser adiado por três anos, Pero Borges foi condenado “a pagar à custa de sua fazenda o dinheiro extraviado”. A mesma sentença suspendeu-o “por três anos do exercício de cargos públicos”. O corregedor retornou a Lisboa “deixando atrás de si triste celebridade”. A 17 de dezembro de 1548, um ano e sete meses após a sentença, o mesmo Pero Borges foi nomeado, pelo mesmo rei, ouvidor-geral do Brasil.”

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Aqueduto da Amoreira: 50% da verba para sua construção desviados por Pero Borges

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

ASSOMBRO E DESLUMBRAMENTO

Já que um dos temas do post anterior foi a Igreja de Santa Maria de Belém, convido-os para um rápido passeio pela sua nave central. Este é um dos lugares mais impactantes de Portugal. Quem entra na igreja pela primeira vez corre o risco de, como eu, experimentar uma sensação meio esquisita, mistura de assombro com deslumbramento. As dimensões da nave intimidam, fazem a gente se sentir insignificante. Mas são, ao mesmo tempo, um convite irresistível à exploração.

Nave central da Igreja de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos: dimensões que intimidam

Nave central da Igreja de Santa Maria de Belém, em Lisboa: dimensões que intimidam

Santa Maria de Belém é um bom exemplo daquilo que os arquitetos chamam de igreja-salão – ou seja, basicamente constituída de um único e uniforme salão, com naves de mesma altura. Característico do Gótico Tardio, esse estilo de construir igrejas fez escola em Portugal. Foi adotado também em pelo menos outros 10 importantes edificações reliosas do país (entre eles, o Mosteiro de Alcobaça e a Igreja de Santo Antão, em Évora, para citar apenas os declarados patrimônios mundiais pela Unesco).

Janelão com vitral de Abel Manta: intervenção modernista

Janelão com vitral de Abel Manta: intervenção modernista

O website do Mosteiro dos Jerónimos descreve assim a Igreja de Santa Maria de Belém:

“A Igreja apresenta uma planta em cruz latina, composta por três naves à mesma altura (igreja salão), reunidas por uma única abóbada polinervada assente em seis pilares de base circular. Quando se entra, encontram-se os túmulos de Vasco da Gama (sub-coro esquerdo) e de Luís de Camões (sub-coro direito), ambos do século 19, do escultor Costa Mota. Continuando, na parede norte, podem apreciar-se os confessionários e, no lado sul, os janelões decorados com vitrais da autoria de Abel Manta e execução de R. Leone (já do século 20).

A abóbada do cruzeiro cobre, de um só voo, uma largura de 30 metros. Representa “a realização mais acabada da ambição tardo medieval de cobrir o maior vão possível com o mínimo de suportes” (Kubler). Neste espaço livre, em que se encontra toda a simbologia régia, a profusão de ornatos atinge o seu auge. No braço esquerdo do transepto estão sepultados os restos mortais do Cardeal-Rei D. Henrique e os dos filhos de D. Manuel I. No braço direito do transepto encontra-se o túmulo do Rei D. Sebastião e dos descendentes de D. João III.”

O túmulo de Luís de Camões no sub-coro direito, logo na entrada da igreja: obra do século 19 assinada por Costa Mota

O túmulo de Camões no sub-coro direito: obra do século 19 assinada pelo escultor Costa Mota

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

COLÉGIO DE SÃO PEDRO

COLÉGIO DE SÃO PEDRO

Todo mundo que visita Coimbra conhece essa fachada. Afinal, ela fica no coração da universidade, voltada para o Paço das Escolas. É o Colégio de São Pedro, aquele edifício imenso à direita de quem olha a Via Latina de frente. … Continuar lendo

O REFEITÓRIO DE CRISTO

O REFEITÓRIO DE CRISTO

Diante da exuberância de atrações como a Charola, o Claustro Principal ou a Janela do Capítulo, poucos são os visitantes do Convento de Cristo que se ocupam deste espaço por mais do que alguns poucos minutos. Pois comigo acontece o oposto. … Continuar lendo

UMA PORTA PARA O CÉU

Mais algumas fotos das Capelas Imperfeitas – agora, por dentro. No post anterior, você leu que, em virtude das mortes do rei D. Duarte em 1437 e do arquiteto Huguet no ano seguinte, as obras do panteão foram abandonadas. O site oficial do Mosteiro da Batalha termina de contar essa história assim:

“No reinado de D. Manuel, com vista à conclusão do panteão foi alterado o projeto inicial, conferindo-lhe maior monumentalidade. É deste período o sumptuoso portal, totalmente esculpido, concebido e executado sob a direção de Mateus Fernandes, um dos grandes mestres manuelinos, tendo sido concluído nos primeiros anos do século 16. As sete capelas funerárias também foram concluídas na época de D. Manuel e têm nas suas abóbadas chaves esculpidas com escudos de armas e emblemas que identificam o seu destinatário.”

O portal das capelas: executado por Mateus Fernandes

O portal das capelas: executado por Mateus Fernandes

“Reinando já D. João III foi ainda levantada, sobre o portal, a varanda renascença, datada 1533, com estrutura e decoração de raiz italiana, atribuída a Miguel de Arruda que, seguramente, a concluiu. Panteão duartino, só nos anos quarenta do século 20 foi, por fim, aqui depositado na capela axial, o túmulo duplo do rei D. Duarte e da rainha D. Leonor, num reencontro talvez definitivo com a história.”

Sobre o pórtico, a varanda: atribuída a Miguel de Arruda

Sobre o pórtico, a varanda: atribuída a Miguel de Arruda

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

ÍCONE DA RENASCENÇA

Claustro principal do Convento de Cristo, em Tomar, uma das mais belas peças da arquitetura renascentista europeia. Foi o próprio rei, D. João III, a iniciativa de construí-lo. Contratou para a empreitada o maior arquiteto que passou por Portugal no século 16, João de Castilho. Mas acabou ordenando sua destruição parcial não muito tempo depois. Coube ao escultor e arquiteto Diogo de Torralva a missão de repaginá-lo – dessa vez, bebendo na fonte geométrica da antiguidade clássica.

“Com o país a atravessar uma crise económica, não podia tratar-se apenas de um devaneio real”, escreve a RTP em sua plataforma educativa. “Acredita-se que o monarca teve a nítida percepção de que a obra ia ficar para a posteridade. O claustro de D. João III tem a coragem de romper com as concepções excessivas do estilo manuelino para se aproximar das composições harmoniosas e austeras que floresciam então em Itália e França.”

Claustro principal do convento: geometria da antiguidade clássica

Claustro principal: geometria da antiguidade clássica

© Foto: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados