UCANHA

Adoro esta foto, nem sei por que eu ainda não a tinha publicado aqui no blog. Mas posso explicar direitinho o motivo que me faz gostar tanto dela: essa imagem pertence a um conjunto que me traz as melhores recordações. … Continuar lendo

SONO ETERNO PARA REIS E SOLDADOS

Um passeio pelo Mosteiro da Batalha, que, no passado mês de maio, foi alçado à categoria de panteão nacional. As fotos são inéditas, todas produzidas durante minha visita ao monumento em setembro de 2014.

Fachada lateral

Fachada lateral

No website da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), lê-se assim sobre o mosteiro:

“Se há monumento que se identifica precocemente com o estatuto de Panteão Nacional, esse é o Mosteiro da Batalha. Porque em todo o seu espaço, como que numa representação da realidade social que forja uma identidade, encontram-se sepultados quem representa as elites governativas, o povo comum e os artistas.”

Nave central e capela-mor

Nave central e capela-mor

Nave central

Nave central

“A Capela do Fundador é documentadamente o primeiro Panteão Régio, mandado erguer expressamente por D. João I em 1426, com esse claro propósito, aí ficando sepultado, conjuntamente com Dª Filipa de Lencastre, no centro do octógono. Esse estatuto foi sendo reafirmado, nos anos seguintes, ao longo da 2ª Dinastia, com a deposição dos restos mortais, nesta mesma capela funerária, do infante mártir, D. Fernando, dos infantes D. João e D. Henrique e, mais tarde, num ato de reconciliação póstuma por parte de D. Afonso V, dos restos mortais de seu tio e regente, D. Pedro, morto na Batalha de Alfarrobeira (1449).”

Capela do Fundador

Capela do Fundador

Capela do Fundador

Capela do Fundador

Capela do Fundador

Capela do Fundador

Capela do Fundador

Capela do Fundador

D. Duarte encomendou a mestre Huguet a construção de uma nova capela funerária, também para si e seus descendentes, obra que nunca chegou a ver terminada por motivo da sua morte precoce (em 1437), quase coincidente com a morte de mestre Huguet, um ano após. Na espera que a nova capela fosse terminada – D. Duarte teve sepultura provisória na capela-mor da Igreja; seu filho, D. Afonso V, na Sala do Capítulo conjuntamente com o príncipe D. Afonso de Portugal (o primogénito de D. João II, morto aos 16 anos em queda do cavalo); D. João II, após a trasladação de Silves em 1499, na capela de Nª Srª da Piedade. Pelo que também a Sala do Capítulo (até finais do século 19) e a igreja (até aos anos 30 do século 20, altura em que D. Duarte foi trasladado para as Capelas Imperfeitas), foram panteões régios e nobiliárquicos.”

Claustro

Claustro

Claustro

Claustro

“Apesar de D. Manuel, o Venturoso, ter impulsionado significativamente as obras nas capelas iniciadas por D. Duarte, com o objetivo muito provável de aí também ser tumulado, acabou por desviar-se dessa sua intenção inicial, mandando construir o Mosteiro dos Jerónimos de Lisboa. E quando em 1921 a nação portuguesa decidiu trasladar para a Sala do Capítulo os dois soldados desconhecidos mortos na 1ª Grande Guerra e aqui os homenagear em permanência, essa função de lugar memorial sofreu um significativo impulso e amplitude, porque no Mosteiro da Batalha, para além das elites régias e nobiliárquicas, a partir desta data, ficaram também representadas as gentes anónimas que deram a vida pela sua pátria. Mas além do mais, caso raro ou mesmo único na sua época, tendo em conta o estatuto dos artistas, uma das maiores figuras da arte e arquitectura portuguesa e criador do ‘manuelino’, Mateus Fernandes, morto em 1515, teve a honra de ser sepultado no mosteiro, onde hoje jaz à entrada da igreja.”

Claustro

Claustro

Claustro

Claustro

“Num monumento onde, entre outros, estão sepultados quatro reis e três rainhas, um regente, um príncipe e três infantes, dois soldados desconhecidos e um artista, é um monumento que justifica plenamente o estatuto de Panteão Nacional, com esse estatuto encerrando-se, assim também, neste começo do século 21, um ciclo de reconhecimento do mosteiro como lugar de memória identitária por excelência.”

Capelas Imperfeitas vistas pelo lado de fora do mosteiro

Capelas Imperfeitas vistas pelo lado de fora do mosteiro

© Foto: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

UM LUGAR DESLUMBRANTE

Monsaraz debruçada sobre o Lago de Alqueva, no Alentejo. Para muitos, trata-se da mais bela vila de Portugal. Não posso cravar que ela realmente o seja. Afinal, são poucas as vilas portuguesas pelas quais já passei. Mas essa eu conheço … Continuar lendo

CASTELO DE ARRAIOLOS

Puxe pela memória e responda: quantos castelos redondos você conhece? Pois é, são raríssimos no mundo os casos de castelos construídos com planta circular. O de Arraiolos, no Alentejo, é um desses poucos exemplos. Estive lá em outubro do ano … Continuar lendo

INSPIRAÇÃO TEMPLÁRIA

Essa é a janela neomanuelina do Palácio da Pena, em Sintra. Já percebeu como ela é parecida com famosa Janela do Capítulo, do Convento de Cristo, em Tomar? Não é coincidência, trata-se de uma cópia mesmo.

A janela neomanuelina do Palácio da Pena, em Sintra: cópia da Janela do Capítulo em Tomar

A janela da Pena: cópia da Janela do Capítulo em Tomar

© Foto: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

No website da Parques de Sintra, que administra o palácio, a história é resumida assim:

“A janela neomanuelina do Palácio da Pena é uma recriação revivalista da célebre janela manuelina do Convento de Cristo de Tomar do século 16, que o rei D. Fernando tinha visitado pela primeira vez em 1843 (foi também por iniciativa do rei que se mandou demolir um pequeno claustro que ocultava esta janela, que hoje está à vista de todos). Impressionado por este ícone da arte do tempo dos Descobrimentos, D. Fernando incluiu uma versão simplificada na fachada poente do Palácio Novo, que no interior corresponde à Sala de Fumo.

Aqui foi retomada a temática decorativa nos elementos de pedra que emolduram uma janela de volta inteira: esferas armilares, correntes, cordas e motivos vegetalistas, assim como a cruz de Cristo. Sob a janela e sobre o óculo à maneira de rosácea, vêm-se as armas do rei consorte, constituído pelas armas da sua esposa, rainha D. Maria II, e pelas da sua família de origem, os duques de Saxe-Coburgo. Com esta janela inaugurou-se o estilo neomanuelino, tão determinante na arte e arquitetura portuguesas até aos inícios do século 20.”

CASTELO RODRIGO EM 10 CLICKS

Um pouco mais da história de Castelo Rodrigo, a encantadora aldeia que usei como QG durante minha incursão ao Vale do Côa, em setembro de 2014. E uma galeria com 10 clicks inéditos do lugar, que pretendo revisitar em breve. As informações são do site Aldeias Históricas.

Castelo Rodrigo em um dia de céu gloriosamente azul: bem perto da fronteira com a Espanha

Castelo Rodrigo em uma bela manhã de céu azul: bem perto da fronteira com a Espanha

“O território de Ribacôa foi ocupado desde o Paleolítico, havendo vestígios megalíticos e da cultura castreja, romanos e árabes. A preocupação com a reorganização e o povoamento desta área na época da Reconquista é patente nas doações aos freires Salamantinos, fundadores da Ordem de São Julião do Pereiro, e aos primeiros frades de Santa Maria de Aguiar, oriundos de Zamora, de que o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, de fundação cisterniense do século 12, é importante testemunho.

Conquistada aos árabes no século 11 e dependente do Reino de Leão, foi vila elevada a concelho por Afonso IX, integrando definitivamente o território português a 12 de setembro de 1297, pelo Tratado de Alcanizes – assinado por D. Dinis, que confirmou o seu Foral em Trancoso e mandou repovoar e reconstruir o castelo, acção repetida por D. Fernando, que também lhe concedeu Carta de Feira, em 1373.”

A muralha que até hoje protege a aldeia: inicialmente composta por 13 torreões

A muralha que até hoje protege a aldeia: originalmente composta de 13 torreões

A Igreja de Nossa Senhora de Rocamador: fundada no século 13 por uma confraria de frades hospitaleiros

Igreja de Nossa Senhora de Rocamador: fundada no século 13 por frades hospitaleiros

“Castelo Rodrigo está rodeada por uma cintura amuralhada inicialmente composta de 13 torreões (à semelhança de Ávila), de que restam alguns, e cujo passeio de ronda se encontra parcialmente obstruído pelas casas aí construídas. Mantém a sua traça medieval, que irradia da alcáçova e acompanha a topografia. Pelas suas ruas encontram-se casas interessantes, umas manuelinas, outras construções árabes, como a casa nº 32, com inscrição e uma carranca, para além da cisterna, de 13 metros de fundo, com uma porta em arco de ferradura e outra ogival.

Estando na rota de peregrinos a Compostela, aqui se ergueu a Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, fundada por uma confraria de frades hospitaleiros vindos de França no século 13. Dispõe de cachorrada românica e no seu interior destacam-se um púlpito renascentista em granito, imaginária dos séculos 14 e 17, o tecto em caixotões com pintura barroca e um retábulo rococó.”

Paredes de pedra e telhados de barro: o traçado medieval da vila foi preservado

Paredes de pedra e telhas de barro: restauração preservou o traçado medieval

O passeio de um gato sobre os telhados da vila...

O passeio de um gato sobre os telhados da vila…

...e um bate-papo entre ele e sua dona alguns minutos depois

…e um papo reto com sua dona alguns minutos depois

“Por ter tomado partido por Castela na crise de 1383-85, D. João I castigou Castelo Rodrigo, mandando que o seu brasão ficasse com as armas reais invertidas, e a vila dependente de Pinhel. O pelourinho manuelino – de gaiola e grandes dimensões – atesta o poder municipal, regulamentado pelo foral novo de 1508, altura em que D. Manuel, o Rei Venturoso, mandou repovoar a vila e refazer o castelo.

Sob domínio filipino, instituiu-se o condado e marquesado de Castelo Rodrigo na pessoa de Cristóvão de Moura, que mandou edificar um palácio. Após a Restauração, este foi destruído pelo povo. Próximo da Porta do Sol, o padrão assinala e comemora a restauração da independência nacional.”

Rua da Cadeia: por ela, atravessa-se Castelo Rodrigo de uma ponta à outra em cinco minutos de caminhada

Rua da Cadeia: por ela, atravessa-se o povoado em cinco minutos de caminhada

Rua da Misericórdia, uma  pequena viela...

Rua da Misericórdia, uma pequena e estreita viela…

Castelo Rodrigo

…entre a Rua da Cadeia e o Largo do Pelourinho

“Ainda nas lutas contra Espanha, a vila sofreu em 1664 o cerco do Duque de Ossuna, tendo a sua guarnição de 150 homens resistido heroicamente até a chegada de reforços, travando-se a Batalha da Salgadela, junto ao Mosteiro de Santa Maria de Aguiar. Conta-se que o Duque de Ossuna e D. João d´Áustria escaparam disfarçados de frades.

Após as Guerras da Restauração, Castelo Rodrigo foi perdendo sua importância. A 25 de junho de 1836, por Carta Régia de D. Maria II, a sede de concelho passou para Figueira de Castelo Rodrigo. Historicamente, nenhuma povoação raiana exerceu por tão longo período um lugar tão relevante nas relações luso-castelhanas e na defesa do território português.”

Um detalhe da Rua da Tapada: na minha opinião, a mais simpática da aldeia

Detalhe da Rua da Tapada: um pingo de cor nas paredes monocromáticas

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados