CASTELO DE ARRAIOLOS

Puxe pela memória e responda: quantos castelos redondos você conhece? Pois é, são raríssimos no mundo os casos de castelos construídos com planta circular. O de Arraiolos, no Alentejo, é um desses poucos exemplos. Estive lá em outubro do ano … Continuar lendo

UMA SÁBIA – E VELHA – SENHORA

A Via Latina, na fachada principal da Universidade de Coimbra: construída durante o reinado de D. João V (1706-50)

Universidade de Coimbra: 750 anos celebrados no passado mês de março

Universidade de Coimbra acaba de completar 725 anos. Sua história começa precisamente no dia 1º de março de 1290, quando o rei D. Dinis assina em Leiria o documento intitulado Scientiae thesaurus mirabilis. Com aquela canetada, criou-se o Estudo Geral – uma espécie de embrião da UC, que reuniu em Lisboa apenas quatro faculdades: Artes, Direito Canônico, Direito Civil e Medicina. A instituição só foi transferida para Coimbra em 1308. E ficou pulando entre as duas cidades até 1537, quando se estabeleceu em definitivo sobre a margem direita do Mondego.

Um pouco mais de perto: lá no alto, as armas nacionais, e a Sapiência acima delas

Lá no alto, as armas nacionais e a Sapiência acima delas

“Inicialmente confinada ao Palácio Real, a universidade espraiou-se por Coimbra, modificando-lhe a paisagem, tornando-a na cidade universitária, alargada com a criação do Pólo II, dedicado às engenharias e tecnologias, e de um terceiro pólo, devotado às ciências da vida”, explica o website da UC. “Estudar aqui é dar continuidade à história da matriz intelectual do país, que formou as mais destacadas personalidades da cultura, da ciência e da política nacional.”

Coimbra

Mais de perto ainda: para clicar essa escadaria assim, sem ninguém, só madrugando

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

FORTALEZA MEDIEVAL

Duas, três horas no máximo. Esse foi todo o tempo que eu tive para fotografar Castelo Mendo. Uma lástima. Se pudesse, passaria dois, três dias inteiros zanzando pela aldeia. Reconheço que há um pouco de exagero nisso. Para o viajante que não seja assim, tão escravo de uma câmera quanto eu, uma day trip – ou meia – talvez já resolva bem a questão. O lugar é bem pequeno, tem mais ou menos 120 habitantes. Em meia hora, dá-se uma volta completa.

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O povoado de Castelo Mendo: vestígios de ocupação desde a Idade do Bronze

Casa típica da aldeia: vi mais gatos do que gente na minha visita

Casa típica da aldeia: vi mais gatos do que gente na minha visita

No site Aldeias Históricas de Portugal, consta o seguinte sobre Castelo Mendo:

“Concelho de fundação medieval, com foral concedido em 1229 por D. Sancho II, Castelo Mendo virá a perder esse estatuto de centro urbano com a reforma administrativa liberal de 1855. Apesar de o local ter conhecido ocupação desde a Idade do Bronze e mostrar vestígios da presença romana, a estrutura fortificada e o modelo urbanístico caracterizadores de Castelo Mendo são uma criação medieval concebida para enfrentar as necessidades impostas pela Reconquista Cristã nos séculos 12 e 13: promover o repovoamento dos territórios muçulmanos anexados ao reino português e sustentar as disputas territoriais fronteiriças com os reinos cristãos de Leão e Castela na região de Ribacôa.

A partir do século 14, estabilizada a fronteira com o Tratado de Alcanizes, em 1297, Castelo Mendo continuará a integrar a rede de fortificações que defendem a raia beirã. Este sistema defensivo medieval só perde a sua eficácia militar com o século 17, período que vê surgir as fortificações modernas.

Por exigência de domínio territorial e de defesa da população aqui estabelecida, o povoado estrutura-se em função dos dispositivos militares. Dois núcleos amuralhados, de épocas construtivas diferentes, configuram Castelo Mendo. No cimo do cabeço rochoso, dominando a paisagem envolvente, situa-se o castelo com dois recintos distintos. O aglomerado civil desenhado em torno da Igreja de Nossa Senhora do Castelo dividido pelo pólo exclusivamente militar, localizado a Este, no ponto mais elevado, onde antes se erguia a torre de menagem.

Com o crescimento da povoação, o primitivo núcleo, supõe-se que mandado edificar por D. Sancho I ou D. Sancho II, é aumentado com nova cerca no reinado de D. Dinis (fim do século 13). Pela encosta se estendeu a vila, nela se organizando a vida da população abraçada pelos muros.”

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Igreja de Nossa Senhora do Castelo: românica, provavelmente construída em 1229

A igreja em ruínas: restauro prevê a criação de um museu

A igreja em ruínas: restauro prevê a criação de um museu

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

RODEADA DE MURALHAS

Trancoso. Por aqui passaram romanos, bárbaros, árabes… Judeus, cristãos novos, templários… Hoje, seu maior orgulho talvez seja o castelo, autodenominado “um dos mais belos de Portugal”. O website da rede Aldeias Históricas conta assim a história:

“Sem dados concretos que permitam enunciar datas e formas de povoamento, parece ser de fácil aceitabilidade o facto de Trancoso ter sido, provavelmente, um lugar fortificado na época castreja, dadas as suas características geomorfológicas. Ocupada pelos povos romanos, a vila possui ainda inegáveis vestígios de estradas e pontes, tendo sido, a partir do século 4, invadida por povos bárbaros que contribuíram para o início da construção de uma estrutura urbana da fortificação e da zona habitada.

Trancoso constituiu, devido a sua posição estratégica, um dos pontos avançados da reconquista cristã para sul. Ocupada pelos árabes desde 983, foi reconquistada por Fernando, o Magno, em 1059, e por D. Afonso Henriques em 1160, que prometeu edificar o Mosteiro de São João de Tarouca como preito da vitória e lhe atribui foral. As sucessivas investidas dos mouros arruinaram-na, pelo que D. Sancho I a mandou repovoar, concedendo-lhe um foral que foi confirmado por D. Afonso II em 1217, e em 1391 por D. João I.” (…)

O castelo medieval de Trancoso: doado à Ordem do Tempo em 1185

O castelo medieval de Trancoso: doado pelo Condado Portucalense à Ordem do Templo em 1185

“Foi sobretudo após da definição das fronteiras entre Portugal e Castela que a praça-forte se tornou vital, propiciando estruturação e crescimento de aglomerado. D. Dinis mandou construir as muralhas com cerca de um quilômetro de perímetro, fundou a feira franca e concedeu privilégios especiais à povoação, que foi integrada no dote da rainha, tendo celebrado na vila de Trancoso seu casamento, em 1282, com a princesa D. Isabel de Aragão. (…)

A história de Trancoso anda profundamente ligada à de Portugal. Situada próximo da fronteira, a terra assistiu a diversas lutas e acontecimentos marcantes. Foi em Trancoso que se deu a célebre Batalha de São Marcos, na qual foram desbaratados os castelhanos e preparada a grande Batalha de Aljubarrota. O desfecho do combate contribuiu notavelmente para a consolidação da autoridade do Mestre de Aviz e subsequente triunfo da causa portuguesa nele personificada.” (…)

A ‘velhinha, nobre e sempre noiva’ vila de Trancoso encontra-se ainda hoje rodeada de muralhas da época dinisiana, com um belo castelo também medieval a coroar esse majestoso conjunto fortificado. Construído sobre um hipotético castro pré-romano, esse castelo pertencia, em 960, a D. Chamoa Rodrigues, tendo passado em 1097 para o Condado Portucalense.

Em 1185, o castelo é doado à Ordem do Templo, restaurado nos séculos 7 e 14 e acrescentado no século 16, sendo constituído por uma cerca de muralhas com cinco torres, onde se abrem quatro portas de aceso à vila que fechavam com sistema de guilhotina (Porta de El-Rei, do Prado, de São João e dos Carvalhos) e por uma torre de menagem que se situa na cidadela. (…) Este castelo constituía um dos vértices do triângulo principal do sistema defensivo da Beira, constituindo os outros dois pontos, os castelos de Celorico e da Guarda.”

O centro histórico da vila: testemunhas de muitos acontecimentos marcantes

O centro histórico da vila: testemunha de muitos acontecimentos marcantes

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

QUEM NÃO CONHECE UM ALMEIDA?

Taí um sobrenome comum, não é verdade? Quase tão popular quanto Pereira ou Oliveira. Só eu conheço uns 3 ou 4 Almeidas, talvez mais. Sem contar os de domínio público, tipo Aracy de Almeida. Pois foi aqui, nesta vila do centro de Portugal, que o sobrenome nasceu. A história começa em 1190, com Dom Payo Guterres Amado derrotando os mouros e tomando o castelo que eles chamavam de Al-Mêda. Sob domínio português, virou Castelo de Almeida, é lógico. O fidalgo tornou-se senhor da fortaleza, por vontade do rei, e ainda levou de brinde o apelido de Almeidão. Mais tarde, seus herdeiros adotariam Almeida como nome de família. E foi assim, há mais ou menos 800 anos, que surgiu um dos sobrenomes mais corriqueiros nos países de língua portuguesa – especialmente Portugal e Brasil.

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A vila de Almeida, no Distrito da Guarda: pouco mais de 7 mil habitantes

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Casario histórico: de Castelo Rodrigo ou Foz Côa, chega-se à vila pela estrada EN 332

O site Aldeias Históricas resume assim a história da vila: “Almeida terá tido origem na migração dos habitantes de um castro lusitano, localizado a norte do lugar do Enxido da Sarça, ocupado em 61 a.C. pelos romanos, e depois pelos povos bárbaros. Dada sua situação em planalto, os árabes chamaram-na Al-Mêda (A Mesa), Talmeyda ou Almeydan, tendo construído um pequeno castelo (séc. 8-9).”

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Céu anunciando tempestade: aqui, tomei uma das maiores chuvas da minha vida

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Cena das mais comuns em Almeida: para quem gosta de gatos, a vila é um prato cheio

“No período da Reconquista, os cristãos tomaram-na definitivamente em 1190 e foi sucessivamente disputada a Leão, passando à posse portuguesa com o Tratado de Alcanizes, em 1297. Recebeu foral de D. Dinis (1296), que reconstruiu o castelo, e foral novo de D. Manuel (1510). Junto ao castelo de planta rectangular e quatro torres circulares, cresceu o núcleo medieval limitado pelas muralhas, cujo vestígio se vê na Porta do Sol, traçado que a Rua dos Combatentes acompanha e que define o velho burgo.”

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A vila retratada no Livro das Fortalezas, de 1510: castelo de planta retangular…

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…e quatro torres circulares em torno do qual cresceu o núcleo urbano

“Durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), Almeida voltou à posse de Espanha, tendo retornado ao domínio português em 1763. Nas lutas liberais, tomou partido por D. Miguel entre 1829 e 1832, acabando por capitular após duras lutas fratricidas, que destruíram as muralhas – reconstruídas a partir de 1853. Em 1927, saiu de Almeida o último Esquadrão de Cavalaria, perdendo, desde então, a actividade militar que, durante séculos, foi a razão essencial da sua existência.”

As muralhas: monumento nacional desde 1928, elas formam...

Muralhas: monumento nacional desde 1928, elas formam…

...uma das mais espetaculares defesas abaluartadas da Europa

…uma das mais espetaculares defesas da Europa

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

Reproduções: Wikimedia Commons

CASTELO RODRIGO EM 10 CLICKS

Um pouco mais da história de Castelo Rodrigo, a encantadora aldeia que usei como QG durante minha incursão ao Vale do Côa, em setembro de 2014. E uma galeria com 10 clicks inéditos do lugar, que pretendo revisitar em breve. As informações são do site Aldeias Históricas.

Castelo Rodrigo em um dia de céu gloriosamente azul: bem perto da fronteira com a Espanha

Castelo Rodrigo em uma bela manhã de céu azul: bem perto da fronteira com a Espanha

“O território de Ribacôa foi ocupado desde o Paleolítico, havendo vestígios megalíticos e da cultura castreja, romanos e árabes. A preocupação com a reorganização e o povoamento desta área na época da Reconquista é patente nas doações aos freires Salamantinos, fundadores da Ordem de São Julião do Pereiro, e aos primeiros frades de Santa Maria de Aguiar, oriundos de Zamora, de que o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, de fundação cisterniense do século 12, é importante testemunho.

Conquistada aos árabes no século 11 e dependente do Reino de Leão, foi vila elevada a concelho por Afonso IX, integrando definitivamente o território português a 12 de setembro de 1297, pelo Tratado de Alcanizes – assinado por D. Dinis, que confirmou o seu Foral em Trancoso e mandou repovoar e reconstruir o castelo, acção repetida por D. Fernando, que também lhe concedeu Carta de Feira, em 1373.”

A muralha que até hoje protege a aldeia: inicialmente composta por 13 torreões

A muralha que até hoje protege a aldeia: originalmente composta de 13 torreões

A Igreja de Nossa Senhora de Rocamador: fundada no século 13 por uma confraria de frades hospitaleiros

Igreja de Nossa Senhora de Rocamador: fundada no século 13 por frades hospitaleiros

“Castelo Rodrigo está rodeada por uma cintura amuralhada inicialmente composta de 13 torreões (à semelhança de Ávila), de que restam alguns, e cujo passeio de ronda se encontra parcialmente obstruído pelas casas aí construídas. Mantém a sua traça medieval, que irradia da alcáçova e acompanha a topografia. Pelas suas ruas encontram-se casas interessantes, umas manuelinas, outras construções árabes, como a casa nº 32, com inscrição e uma carranca, para além da cisterna, de 13 metros de fundo, com uma porta em arco de ferradura e outra ogival.

Estando na rota de peregrinos a Compostela, aqui se ergueu a Igreja de Nossa Senhora de Rocamador, fundada por uma confraria de frades hospitaleiros vindos de França no século 13. Dispõe de cachorrada românica e no seu interior destacam-se um púlpito renascentista em granito, imaginária dos séculos 14 e 17, o tecto em caixotões com pintura barroca e um retábulo rococó.”

Paredes de pedra e telhados de barro: o traçado medieval da vila foi preservado

Paredes de pedra e telhas de barro: restauração preservou o traçado medieval

O passeio de um gato sobre os telhados da vila...

O passeio de um gato sobre os telhados da vila…

...e um bate-papo entre ele e sua dona alguns minutos depois

…e um papo reto com sua dona alguns minutos depois

“Por ter tomado partido por Castela na crise de 1383-85, D. João I castigou Castelo Rodrigo, mandando que o seu brasão ficasse com as armas reais invertidas, e a vila dependente de Pinhel. O pelourinho manuelino – de gaiola e grandes dimensões – atesta o poder municipal, regulamentado pelo foral novo de 1508, altura em que D. Manuel, o Rei Venturoso, mandou repovoar a vila e refazer o castelo.

Sob domínio filipino, instituiu-se o condado e marquesado de Castelo Rodrigo na pessoa de Cristóvão de Moura, que mandou edificar um palácio. Após a Restauração, este foi destruído pelo povo. Próximo da Porta do Sol, o padrão assinala e comemora a restauração da independência nacional.”

Rua da Cadeia: por ela, atravessa-se Castelo Rodrigo de uma ponta à outra em cinco minutos de caminhada

Rua da Cadeia: por ela, atravessa-se o povoado em cinco minutos de caminhada

Rua da Misericórdia, uma  pequena viela...

Rua da Misericórdia, uma pequena e estreita viela…

Castelo Rodrigo

…entre a Rua da Cadeia e o Largo do Pelourinho

“Ainda nas lutas contra Espanha, a vila sofreu em 1664 o cerco do Duque de Ossuna, tendo a sua guarnição de 150 homens resistido heroicamente até a chegada de reforços, travando-se a Batalha da Salgadela, junto ao Mosteiro de Santa Maria de Aguiar. Conta-se que o Duque de Ossuna e D. João d´Áustria escaparam disfarçados de frades.

Após as Guerras da Restauração, Castelo Rodrigo foi perdendo sua importância. A 25 de junho de 1836, por Carta Régia de D. Maria II, a sede de concelho passou para Figueira de Castelo Rodrigo. Historicamente, nenhuma povoação raiana exerceu por tão longo período um lugar tão relevante nas relações luso-castelhanas e na defesa do território português.”

Um detalhe da Rua da Tapada: na minha opinião, a mais simpática da aldeia

Detalhe da Rua da Tapada: um pingo de cor nas paredes monocromáticas

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

HISTÓRIAS DE FRONTEIRA

Castelo Rodrigo, uma das 12 aldeias históricas de Portugal. Fiz dela minha base, em setembro do ano passado, para as visitas ao Museu do Côa e às gravuras rupestres de Penascosa e da Ribeira de Piscos. O lugar é descrito assim no site Visit Portugal:

“Do topo de uma colina, a pequena aldeia de Castelo Rodrigo domina o planalto que se estende para Espanha, a leste, até ao vale profundo do Douro, a norte. Segundo a tradição, fundou-a Afonso IX de Leão, para doá-la ao conde Rodrigo Gonzalez de Girón, que a repovoou e lhe deu o nome. Com o Tratado de Alcanices, assinado em 1297 por D. Dinis de Portugal, rei e poeta, passou para a coroa portuguesa.

Castelo Rodrigo conserva as marcas de alguns episódios de disputa territorial. O primeiro deu-se menos de 100 anos após sua integração a Portugal, durante a crise dinástica de 1383-1385. D. Beatriz, única filha de D. Fernando de Portugal, estava casada com o rei de Castela. Por morte de seu pai, e com sua subida ao trono, Portugal perderia sua independência em favor de Castela. Castelo Rodrigo tomou partido por D. Beatriz, mas D. João, Mestre de Avis, veio a vencer os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, em 1385 – e, por esse feito, foi coroado rei de Portugal com o nome de D. João I.

Como represália pelos senhores de Castelo Rodrigo terem tomado o partido por Castela, o novo rei ordenou que o escudo e as armas de Portugal fossem representados em posição invertida no seu brasão de armas. Mais tarde, no século 16, quando Filipe II de Espanha anexou a Coroa Portuguesa, o governador Cristóvão de Moura tornou-se defensor da causa de Castela, vindo a sofrer a vingança da população que lhe incendiou o enorme palácio em 10 de dezembro de 1640, logo que lá chegou notícia da Restauração (ocorrida a 1º de dezembro), ficando desta história antiga as ruínas no alto do monte, junto ao castelo.

Lugar de passagem dos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela, contam as lendas que o próprio São Francisco de Assis aqui teria pernoitado na sua peregrinação ao túmulo do santo. Revolvida à sua quietude, Castelo Rodrigo merece uma visita pelas suas glórias passadas, pela beleza e limpidez do lugar, pelo seu casario intramuros, pelo seu pelourinho manuelino e ainda pela comovente imagem de Santiago Matamouros guardada na Igreja do Reclamador.”

Aldeias Históricas

Castelo Rodrigo: no topo de uma colina com 820 m de elevação

© Foto: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados

ABRIGO AOS PEREGRINOS

Essa é a igreja matriz de Castelo Rodrigo, fundada no século 13 pela Confraria dos Frades de Nossa Senhora de Rocamadour (uma congregação que se dedicava à assistência dos peregrinos compostelanos). O Igespar, Instituto de Gestão do Patrimônio Arquitetônico e Arqueológico de Portugal, resume assim sua história:

“A antiga vila de Castelo Rodrigo, cercada pelas muralhas edificadas no reinado de D. Dinis, estava integrada na rede medieval dos caminhos de peregrinação de Santiago de Compostela, pelo que o templo paroquial edificado no centro da praça de armas servia de abrigo aos peregrinos que por ali passavam. A igreja mantém a tipologia primitiva, algo eclética, uma vez que apresenta um modelo de transição entre o românico e o gótico (…). Essa estrutura assemelha-se a alguns templos da região, como as matrizes de Escarigo, Mata de Lobos ou Vilar de Torpim. No entanto, foram executadas campanhas de obras posteriores, nomeadamente nos séculos 16 e 17, que alteraram o programa decorativo do templo.”

Igreja matriz de Castelo Rodrigo: fundada no século 13 pela Confraria dos Frades de Nossa Senhora de Rocamadour

Matriz de Castelo Rodrigo: fundada no século 13 pela Confraria de Nossa Senhora de Rocamadour

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CASTELO RODRIGO

CASTELO RODRIGO

Foi esse lugarzinho incrível – uma aldeia histórica a 15 quilômetros da fronteira com a Espanha – que eu usei como base para explorar a região do Vale do Côa e suas gravuras rupestres. A história de Castelo Rodrigo é fascinante. Vai … Continuar lendo