A LENDA DE DIANA

Ao que tudo indica, não restam mais dúvidas: as ruínas romanas preservadas no centro histórico de Évora, frequentemente chamadas de Templo de Diana, nada têm a ver com a filha de Júpiter e deusa da caça. Essa, pelo menos, é a conclusão de um trabalho científico divulgado no passado mês de junho. O portal de notícias Público fez uma reportagem a respeito (para lê-la na íntegra, clique aqui). Reproduzo a seguir alguns trechos, acompanhados de fotos inéditas do templo, todas clicadas em 2015.

Templo Romano, Évora

“Uma lenda criada no século 17 pelo jesuíta Manuel Fialho que associou o templo romano de Évora ao culto a Diana, filha de Júpiter, deusa da caça, foi desmontada na sequência dos trabalhos arqueológicos realizados no templo e no fórum de Ebora Liberalitas Iulia, nos anos 90 do século 20, pelos arqueólogos alemães Theodor Hauschild e Felix Teichner. A publicação científica sobre a investigação realizada com o título Laudator e nesta terça-feira apresentada na Fundação Eugénio de Almeida, em Évora, conclui que a “intenção era claramente de o dedicar ao culto imperial”, mais concretamente o imperador Augusto que foi venerado como um deus.”

Templo Romano, Évora

“O templo terá sido modificado nos dois séculos que se seguiram (2 e 3 d.C.) e destruído em parte no século 5 quando os povos bárbaros invadiram a Península Ibérica. Com o passar dos séculos, foi sofrendo várias alterações na sua utilização prática. No século 14, serviu de casa-forte ao castelo da cidade de Évora e, posteriormente, até ao século 19, foi matadouro municipal.

A sua estrutura original ficou exposta no século 19. Os trabalhos efectuados no templo em 1870 “removeram de forma exemplar os muros existentes entre as colunas, bem como todas as estruturas medievais anexas, sem reconstruir a estrutura original”, acentua a publicação dos arqueólogos alemães. Este esforço abriu a possibilidade de se realizar tanto uma documentação detalhada da sua aparência como também um estudo da superfície do pódio, registando igualmente as especificidades da sua construção e da planta em maior detalhe.

As escavações realizadas entre 1982 e 1990 na área do templo e na praça do fórum que se estendia à sua frente vierem trazer novos e “surpreendentes” dados relativos ao historial da cidade entre o Império Romano e a Idade Moderna, assinalam os investigadores, frisando que a estrutura erguida em Évora “era o modelo escolhido para os templos do imperador Trajano e do imperador Adriano”.

Os dados então recolhidos descrevem o templo romano, em Évora, como “um dos mais grandiosos e mais bem preservados templos romanos de toda a Península Ibérica”, tendo sido considerado património mundial pela UNESCO em 1986.”

Templo Romano, Évora

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout

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