Quando fui a Portugal em 2014, com apoio do Turismo do Centro, tive o privilégio de conhecer a Reserva da Faia Brava, uma área de proteção ambiental gerida pela Associação Transumância e Natureza (ATN). O lugar é incrível. E a natureza, esplendidamente selvagem. Há, inclusive, animais de grande porte, como cavalos e bois que vivem naquelas terras em absoluta liberdade. No trecho de Rio Côa que atravessa a Faia Brava, abutres e águias nidificam, entre outras espécies de aves. O leque de atividades para quem visita o lugar é variado, incluindo caminhadas, birdwatching e safáris fotográficos.
Na página da Faia Brava no Facebook, a gente encontra as seguintes informações sobre a reserva e o trabalho desenvolvido pela ATN por lá:
“Desde 2000, a ATN tem reforçado a sua presença especialmente na Zona de Proteção Especial do Vale do Côa (Rede Natura 2000), onde adquiriu e gere cerca de 800 ha de terreno, exclusivamente para a conservação da natureza. O conjunto destas propriedades forma um contínuo de cerca de 5 km ao longo do Rio Côa, abrangendo ambas as margens, precisamente onde nidifica grande parte da avifauna rupícola do Rio Côa e onde existe uma das maiores manchas de sobreiro do distrito da Guarda (mais de 2.000 hectares). Estas propriedades estão também integradas no Parque Arqueológico do Vale do Côa (Património da Humanidade UNESCO).
Este núcleo de propriedades, a Reserva da Faia Brava, tem sido aquele em que a ATN tem investido a maior parte dos seus recursos, de modo a criar um modelo de gestão local e sustentável dos recursos naturais. As acções desenvolvidas têm-se centrado no restauro ecológico, através da valorização dos habitats e do aumento da disponibilidade alimentar das espécies mais ameaçadas.
Para além destes aspectos, a Reserva da Faia Brava funciona, cada vez mais, como polo de demonstração nas áreas da agricultura sustentável, protecção florestal, silvo-pastorícia, educação ambiental e ecoturismo, envolvendo a comunidade local, escolar e empresarial. A Reserva da Faia Brava integra também uma Zona de Intervenção Florestal, onde a ATN e 30 outros proprietários se comprometeram a desenvolver um projecto de gestão sustentável do sobreiral.
Em 2010, a Reserva da Faia Brava foi classificada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) como a primeira Área Protegida Privada do país. A Faia Brava é também uma área-piloto da iniciativa europeia Rewilding Europe, para a criação de áreas naturais silvestres e de desenvolvimento de turismo de natureza na Europa.
Em consequência dos resultados obtidos pelo projecto, em 2013, a ATN recebeu o Prémio Dryland Champions, atribuído pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, e também o Prémio Ones Mediterrània, atribuído pela Fundació Mediterrània, pela contribuição feita no âmbito da defesa do património natural.
Na Faia Brava foram já identificadas 180 espécies de plantas, 40 espécies de aranhas e 130 espécies de insectos (listagem em permanente actualização). Existem também 149 espécies de vertebrados, nomeadamente seis peixes, nove anfíbios, nove répteis, 106 aves e 25 mamíferos. Os índices de riqueza específica são elevados devido à abundância relativa das populações de maior estatuto de conservação, que constituem núcleos demográficos relevantes à escala nacional.”
© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout