A TROCA DA GUARDA

Você sabia que, todo santo dia, acontece uma troca de guarda no Mosteiro da Batalha? Os militares portugueses que dela participam estão ali não para proteger o mosteiro, mas para vigiar um memorial específico: o Túmulo do Soldado Desconhecido, que fica na Casa do Capítulo, junto ao Claustro Real. Trata-se de uma homenagem aos milhares de combatentes lusitanos mortos durante a Primeira Guerra Mundial.

Mosteiro da Batalha

Troca da guarda

Troca da guarda

Troca da guarda

© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout

No website Portugal 1914, mantido pelo Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, há um pequeno texto assinado pela historiadora Margarida Portela que resgata a origem desse espaço. Reproduzo-o parcialmente a seguir.

“A tradição moderna do enterramento de um soldado desconhecido, o militar anónimo representativo de todos os que, como ele, faleceram num conflito bélico, inicia-se no ano de 1920, na Grã-Bretanha e na França. Depois da Primeira Guerra Mundial, num memorialismo pós-guerra que pretendia unir a sociedade e sarar feridas relacionadas com o conflito, foi a enterrar na Abadia de Westminster, em Londres, um combatente sem nome. Em França, o Arco do Triunfo receberia um caído no “Campo da Honra”, tal como foi decretado pelo próprio Parlamento. E, seguindo os exemplos britânico e francês, Portugal pensou, então, na sua própria homenagem aos que lutaram e perderam a vida na Grande Guerra.

Para local de celebração e memória escolheu-se o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, mandado edificar por D. João I em agradecimento à Virgem Maria pela sua vitória na Batalha de Aljubarrota. Não existia um melhor lugar para, sob a protecção da Virgem, receber os soldados que se tornariam símbolo dos que caíram na Grande Guerra. Dois tempos diferentes unidos por um mesmo desejo de recordação. A Grande Guerra era outro conflito, viviam-se outros tempos, mas a participação portuguesa nesta grande conflagração era um acontecimento igualmente importante e representativo para a História da Nação.

Assim, seria na Batalha que se construiria o monumento que consagraria não um, mas dois soldados, provenientes da Europa e da África Portuguesa. Tal foi decretado a 18 de Março de 1921 pelo Governo Português, o qual autorizou a inumação e trasladação dos corpos. O dia escolhido para iniciar a homenagem foi o de 9 de Abril, data igualmente simbólica, dia que relembrava a funesta Batalha de La Lys, onde tantos militares portugueses tinham perecido. O dia foi decretado Feriado Nacional. Os corpos de ambos os soldados desconhecidos foram transportados solenemente por Lisboa e partiram da Capital até Leiria ainda no dia 9 de Abril de 1921. No dia seguinte, o trajecto prosseguiu, entre Leiria e a Batalha, sendo recebidos pelo troar dos canhões e por uma enorme multidão. Os seus ataúdes foram, então, transportados para o local de repouso eterno. Ainda hoje se encontram sob a abóbada da Casa do Capítulo, com a presença constante de uma “Chama Eterna”, proveniente do Lampandário Monumental elaborado por Lourenço Chaves, com Guarda de Honra permanente e sob a protecção do mutilado, mas belo, “Cristo das Trincheiras”.

A chegada dos corpos dos soldados desconhecidos ao mosteiro, no dia 10 de abril de 1921

© Foto: Reprodução (Portugal 1914 – http://www.portugal1914.org)

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