Dez fotos clicadas em 2012, durante minha primeira visita às gravuras rupestres do Vale do Côa. Naquela ocasião, foram dois dias seguidos de trabalho, em dois sítios arqueológicos distintos, Penascosa e Canada do Inferno, mas acompanhado da mesma guia.
As informações a seguir foram extraídas do website da Fundação Côa Parque.
VISITA ORIENTADA AO SÍTIO DE ARTE RUPESTRE DA PENASCOSA
- Local de partida: Centro de Recepção na aldeia de Castelo Melhor. Esta aldeia fica a 15 km de Vila Nova de Foz Côa, acedendo-se pela EN 222, em direcção a Figueira de Castelo Rodrigo.
- Horário: No inverno as visitas iniciam-se a partir das 13h, e no verão a partir das 13h30, havendo diversas ao longo da tarde.
- Duração da visita: cerca de 1h30.
- Percurso pedestre total: cerca de 600 metros, muito fácil.
Informação geral
O sítio da Penascosa encontra-se numa grande praia fluvial na margem direita do rio Côa, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, em terrenos das freguesias de Castelo Melhor e Almendra. A visita inicia-se no Centro de Recepção de Castelo Melhor. Segue-se numa viatura todo-o-terreno, com um guia, por uma estrada de terra por entre os campos plantados com amendoeiras e oliveiras, ao longo de cerca de 6 km.
No percurso entre a aldeia e o rio podemos ver, da margem oposta, a Quinta de Ervamoira, famosa pelos seus vinhos e pela amplidão dos seus vinhedos, e que tem um Museu de Sítio. Pouco depois chega-se a uma praia fluvial na margem direita do Côa, numa zona de vale aberto, onde o rio ainda corre no seu curso natural. Desde o estacionamento da viatura até à última rocha visitada são cerca de 300 metros a pé, por uma zona larga e plana que não oferece dificuldades, apenas sendo necessário ascender por escadaria de pedra às duas últimas rochas.
A Penascosa é um monte sobre o rio, em cuja encosta se encontram dispersas 36 rochas gravadas, 30 delas com motivos paleolíticos, sendo visitáveis cinco rochas. As rochas gravadas organizam-se em dois grandes conjuntos, um mais a norte, onde se estendem da praia até ao topo do monte, e onde se encontram maioritariamente figuras paleolíticas incisas, havendo também algumas raras figuras do Neolítico e da Idade do Ferro. O outro grupo, onde se desenrola a visita, encontra-se no sector sul, com todas as rochas junto à praia, havendo sobretudo figuras paleolíticas de animais, em picotado e abrasão, representando as várias espécies presentes na arte do Côa.
É o sítio mais visitado do Parque Arqueológico do Vale do Côa, pela facilidade de acesso e pela enorme beleza e tranquilidade do local, assim como pela imensa riqueza das suas gravuras paleolíticas, bem representativas do melhor da arte do Côa.
VISITA ORIENTADA AO SÍTIO DE ARTE RUPESTRE DA CANADA DO INFERNO
- Local de partida: Museu do Côa, nos arredores de Vila Nova de Foz Côa. O museu fica a cerca de 3 km do centro de Vila Nova de Foz Côa, sendo acessível por estrada devidamente sinalizada.
- Horário: No Inverno as visitas iniciam-se a partir das 9h15, e no Verão a partir das 9h30, havendo diversas ao longo da manhã.
- Duração da visita: 1h30 a 2h.
- Percurso pedestre total: cerca de 800 metros, fácil.
Informação geral
O sítio da Canada do Inferno fica na margem esquerda do Côa, em terrenos do concelho e freguesia de Vila Nova de Foz Côa. A visita inicia-se no Museu do Côa. Parte-se numa viatura todo-o-terreno, com um guia, por uma estrada alcatroada, num percurso com cerca de 7 km, até junto das obras da abandonada barragem do Baixo Côa. A partir daqui prossegue-se mais 3 km por caminho de terra batida, através destas mesmas obras que fazem parte da história da descoberta da arte do Côa. O percurso final a pé é de cerca de 400 metros até ao local de implantação das primeiras gravuras visitadas, por trilho estreito mas arranjado.
O sítio localiza-se na margem esquerda do troço final do rio Côa, junto a uma antiga praia fluvial, hoje coberta pela albufeira do Pocinho, que cobre também grande parte das 46 rochas gravadas que aqui são conhecidas, das quais 39 apresentam figurações paleolíticas. O percurso escolhido para visitação pública, condicionado a aspectos de acessibilidades das rochas e perceptibilidade das suas gravuras, inclui seis rochas, todas excepto uma com gravuras paleolíticas.
Este foi o primeiro núcleo identificado em finais de 1991, com a descoberta da rocha 1. Seria publicamente divulgado em novembro de 1994. Em termos cronológicos estão aqui representadas todas as fases da arte paleolítica do Côa e períodos posteriores, excepto a Idade do Ferro.
Salienta-se a rocha 1 pelo seu simbolismo histórico, mas também pelo conjunto de representações que na sua maioria se sobrepõem. Os motivos mais perceptíveis foram feitos por picotagem, complementada com a abrasão. De notar uma figura de cavalo que apresenta duas cabeças, documentando assim a invenção da animação gráfica.
Salientamos ainda na rocha 14, entre diversas figuras, uma belíssima cabra representada a traço filiforme múltiplo, que deu origem ao actual logótipo do Parque Arqueológico e Museu do Côa.
A tradição de gravura neste sítio continuou durante o Neolítico e só terminou na segunda metade do século 20 com as gravuras picotadas pelos últimos moleiros do Côa. Entre eles, salientam-se Alcino Tomé e António Seixas, que trabalharam na Canada do Inferno nos anos 40 e 50 do século 20, e cujas gravuras se encontram maioritariamente submersas. A rocha 7, que se encontra logo subjacente à rocha 1, apresenta algumas gravuras picotadas de Época Moderna, facilmente visíveis. Aliás, o caminho feito pelos visitantes é o antigo caminho dos moleiros da Canada do Inferno, e na visita é possível observar diversos exemplos da arquitectura tradicional da região.
© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout
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