Sabia que a Sé do Funchal já foi o mais poderoso templo católico do mundo? Isso mesmo, você leu direitinho: a catedral das fotos aqui publicadas, que nem parece tão especial assim quando vista de fora, foi, durante 22 anos, a maior e mais influente arquidiocese do planeta. Isso ocorreu em meados do século 16, não muito tempo depois de concluída sua construção, ali pelos anos de 1517, 1518. Pois é justamente esse fato que nos remete a uma conexão entre a história da catedral e a história do Brasil. Como arquidiocese de todas as terras recém-descobertas e incorporadas ao reino português, respondiam à Sé do Funchal dioceses espalhadas pelos quatro cantos do mundo, como a de Goa, na Índia, a de São Tomé e Príncipe, na África, a de Angra do Heroísmo, nos Açores… E a de São Salvador da Bahia, no Brasil.
Por dentro, a Sé do Funchal se revela uma preciosidade inestimável. Sua riqueza está, principalmente, na capela-mor, dotada de um retábulo que permanece praticamente incólume há 500 anos. Tanto ele quanto o cadeiral foram objetos, recentemente, de uma restauração minuciosa, que consumiu 14 meses de trabalho e envolveu uma equipe multidisciplinar que incluía, entre outros profissionais de renome, três dos mais importantes historiadores da arte de Portugal. No website da Sé, lê-se o seguinte sobre as duas peças:
“O retábulo e o cadeiral da capela-mor (século 16) são atribuídos ao Mestre da Lourinhã e a Olivier de Gand. O retábulo é composto de cinco corpos cobertos por um sobrecéu, que também cobre o altar. Os corpos estão separados por pilastras de ornato flamejante e divididos em três andares: na parte central, ficam os nichos com o sacrário (inferior) e a escultura de Nossa Senhora da Assunção (padroeira da catedral, no meio); nas restantes partes, existem pinturas atribuídas a Francisco Henriques. Os sobrecéus têm um rebordo maravilhosamente rendilhado de talha dourada, com as armas reais no centro e ladeado por esferas armilares.”
Reproduzo a seguir um texto disponível no portal do Turismo de Portugal, que resume bem a história da Sé do Funchal e discorre brevemente sobre algumas das suas características mais marcantes:
“Construída por ordem do rei D. Manuel I para substituir a Igreja de Nossa Senhora do Calhau (primeira paróquia da ilha), que, entretanto, era já pequena para albergar tantos fiéis, a Igreja Grande como foi então designada veio ocupar uma área do centro histórico então conhecida por Largo do Duque. Inaugurada em 1514, esta igreja foi elevada a Sé Catedral pelo papa Leão X que instituiu o bispado do Funchal, na época a maior diocese do mundo, abrangendo todos os territórios descobertos pelos portugueses, do Brasil ao Japão.”
“A Sé Catedral foi a mais emblemática obra do período manuelino construída na Ilha da Madeira e deve-se ao talento do arquitecto Pêro Anes, mestre das obras reais. Praticamente inalterada desde o tempo da sua fundação, a catedral possui uma fachada simples, com um portal gótico de arquivoltas finas.
O interior da igreja possui uma estrutura em estilo gótico mendicante e planta em cruz latina. Destaca-se o notável tecto de alfarge, um dos mais belos de Portugal, feito em madeira de cedro da ilha e trabalhado ao gosto mudéjar, com douramentos e incrustações em marfim, bem como os retábulos do século 16 e os azulejos do século 18. A Sé possui um conjunto de tesouros de grande beleza e valor histórico, alguns deles expostos no Museu de Arte Sacra, como a grande cruz processional em prata dourada oferecida pelo rei D. Manuel I e atribuída a Gil Vicente.”
© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados
SÉ CATEDRAL DO FUNCHAL
Horários
- De segunda a sexta- feira: das 9h às 12h e das 16h às 17h30
- Sábado: das 17h às 19h
- Domingo: das 8h às 10h, das 11h às 12h e das 17h às 19h
- Entrada: livre
Contatos
- Telefone: +351 291 228 155
- E-mail: secatedralfunchal@sapo.pt