Confesso que nunca tinha ouvido falar da Ervideira até me hospedar bem em frente a uma loja da marca no centro histórico de Évora, durante minha passagem pelo Alentejo em outubro do ano passado [2015]. Hoje, sou um fã fervoroso dos seus vinhos – em particular de dois rótulos, o Conde d´Ervideira e o Vinha d´Ervideira. Provei-os in loco, na Herdadinha, uma das propriedades da família Leal da Costa naquela região. Foi amor ao primeiro gole. Voltei para o Brasil com duas garrafas do Conde Private Selection na bagagem, compradas ali, naquela mesma ocasião. Como o potencial de guarda é enorme, procuro resistir à tentação de abri-las. Mas está difícil, muito difícil [já foram devidamente consumidas; um espetáculo].
Reproduzo a seguir alguns parágrafos sobre a história da Ervideira, extraídos do website da empresa:
“As herdades do Monte da Ribeira (Vidigueira) e da Herdadinha (Reguengos de Monsaraz), pertencem à família Leal da Costa, descendente directa do Conde D’Ervideira, agricultor alentejano de sucesso do fim século 19 e princípio do século 20. O Conde D’Ervideira, que recebeu o título de D. Carlos I pelas funções de dirigente de instituições de serviço e apoio social que desempenhou na região de Évora, deu inicio à produção de vinho em 1880, como atestam as garrafas que ainda hoje a empresa exibe, orgulhosamente, na sala de provas da actual adega.”
“Até meados do século 20, a produção foi conduzida pelo avô dos actuais proprietários. O ano de 1950 marcou um interregno da produção de vinhos, tendo as terras sido arrendadas até 1974, altura em que foram expropriadas pela reforma agrária do pós 25 de Abril. Em 1986, as duas herdades voltaram às mãos dos seus proprietários, mergulhadas num profundo cenário de abandono e pura degradação. Com a vontade e o apoio de toda a família, iniciou-se um programa de recuperação técnica e económica, capaz de retomar a tradição vitivinícola, plantando uma vinha nova com cerca de 80 hectares.
Entre 1994 e 2002, foram plantados novos vinhedos e a vinha de 1986 foi reestruturada com o objectivo de obter maior potencial qualitativo, perfazendo uma área total de 160 hectares de vinhas plantadas segundo técnicas modernas, com tratamentos de Protecção Integrada, garantindo o maior respeito pelo ambiente. É destas vinhas que, em 1998, se obtiveram as uvas que deram origem à primeira vinificação própria sob a responsabilidade técnica do enólogo Paulo Laureano. São, então, produzidas 25 mil garrafas Vinha D’Ervideira Tinto, que entram no mercado de gama média/alta, com excelentes classificações na nota de prova das revistas de especialidade. Em 2002, é posto em prática o projecto de construção da Adega da Ervideira, na Herdade da Herdadinha, freguesia de S. Vicente do Pigeiro, concelho de Évora, onde impera uma das mais inovadoras tecnologias aplicadas a nível nacional, desde a recepção, ao engarrafamento e guarda.”
“Com o objectivo bem definido de produzir mais e melhor, a Ervideira está hoje solidamente implantada no mercado, oferecendo vinhos de grande qualidade a preço justo. Das cerca de 800 mil garrafas produzidas actualmente, 40% destinam-se ao mercado externo, que é constituído por países como Brasil, Canadá, Estados Unidos e México; Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça; Cabo Verde, Angola e Moçambique; e ainda Macau/China.”
“As castas tintas representam ¾ da produção, sendo a Trincadeira e o Aragonez as predominantes (50%), seguidas de Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Caiada, Syrah e Castelão. Nos encepamentos de brancos, destacam-se as castas nobres tipicamente regionais, como Antão Vaz, Roupeiro, Arinto e Perrum.
A vindima, feita quando o grau de maturação das uvas é o ideal, é executada à noite com máquina de vindimar, sendo as uvas transportadas do campo à adega em camiões frigoríficos. Este transporte garante a sua chegada em duas horas, sem quaisquer sinais de início de fermentação e na quantidade exacta para o seu processamento, na moderna e funcional adega. A vinificação processa-se em cubas de inox, utilizando leveduras seleccionadas e com controlo de temperaturas. A fermentação de tintos pode decorrer em lagares com pisa mecânica, cubas verticais cuja fermentação é realizada com o auxílio do CO2 produzido durante a própria fermentação; ou em cubas horizontais, rotativas com funcionamento integral por gravidade com redução da utilização de bombas.
À fermentação, segue-se um estágio em barricas de carvalho e, posteriormente, em garrafas, em cave própria, a temperatura e humidade controladas, sob total protecção da radiação solar. A fermentação do vinho branco é mais longa, 20 a 25 dias, e é totalmente realizada em câmara frigorífica, com controlo da temperatura a não mais de 12° C. Posteriormente, também a estabilização é realizada a frio, durante uma semana, a uma temperatura de 5° C negativos.”
© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados
ADEGA ERVIDEIRA
Horários
- Adega: das 10h às 17h30 (todos os dias / aconselhável marcação prévia)
- Wine Shop Évora: das 11h às 19h
Contatos
- E-mail: ervideira@ervideira.pt
- Telefone: (+351) 266 950 010