Aqui vai um pouco mais da história do Forte de Nossa Senhora da Graça, em Elvas, que integra o conjunto de fortificações declarado patrimônio mundial pela UNESCO em 2011. E mais uma série de fotos feitas por mim em outubro de 2015, quando lá estive com apoio do Turismo do Alentejo.
Ocupando uma posição estratégica no topo do Monte da Graça, a cerca de 370 metros de altitude, o forte começou a ser construído em julho de 1763 por iniciativa do Conde de Lippe, convidado pelo então secretário de Estado do reino, Marquês de Pombal, para reorganizar o exército português. A direção das obras ficou, em um primeiro período, a cargo do capitão-engenheiro francês Étienne, substituído em 1764 por outro francês, o coronel de artilharia Guillaume Louis Antoine de Valleré. Sua inauguração só ocorreria quase três décadas depois, em 1792, pois não foi nada fácil erguer uma fortaleza daquelas proporções em um local geograficamente tão desafiador.
Reproduzo a seguir dois parágrafos de um texto cuja autoria não consegui confirmar, disponível em uma conta do Flickr atribuída a E. Moitas. Confesso não saber até que ponto as informações são confiáveis. Ainda assim, arrisco publicá-las para dar uma ideia ao leitor do tamanho da empreitada que foi construir o Forte de Nossa Senhora da Graça.
“Esta obra exigiu ao povo da região os maiores sacrifícios. Logo no princípio dos trabalhos, as carretas dos lavradores foram embargadas para o transporte de pedra e madeira, o que impossibilitou de satisfazer os seus próprios compromissos. No dizer de um contemporâneo, ‘essa opressão tornou-se grandíssima em Elvas e seu termo com a falta para outros serviços de 3 mil a 4 mil homens que andavam trabalhando na obra do forte. E, para cúmulo, andavam a prender todos os moços de lavradores para servirem como soldados.’
Em setembro de 1763, a construção continuava com muita força de gente. Trabalhavam nas obras 6 mil homens e 4 mil bestas. Só em acarretar água, empregavam-se 1.500 bestas. E todos os dias chegavam, sem cessar, novas levas de gente às quais, nos sábados, se pagava. Nesse mesmo ano, os condenados pelo Conselho de Guerra a trabalhos forçados revoltam-se, fugindo oito da prisão e sendo um morto pela sentinela. Dois anos depois, eram presos um capitão de mineiros de nacionalidade inglesa e três soldados da sua companhia por roubarem pólvora. O hospital militar, por sua vez, em face dos milhares de pessoas que trabalhavam na construção do forte, estava completamente repleto de doentes.”

Detalhe do forte registrado em outubro passado, quando ainda estavam em curso as obras de restauração
O extraordinário trabalho de restauração do Forte da Graça consumiu 11 meses e um orçamento estimado em 6,1 milhões de euros. Se valeu a pena? Posso garantir que sim. A recuperação da fortaleza, abandonada havia décadas, foi ótima para os turistas, cada vez mais numerosos em Elvas desde a sua reabertura ao público, no final de novembro passado; e melhor ainda para os elvenses, que agora podem se orgulhar de ter no quintal de casa um dos monumentos mais espetaculares do país.
© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados
Meu sonho é conhecer Portugal, principalmente essa região ..mas infelizmente não posso.Amei saber alguma história dessa região !
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