O lugar que aparece nesta foto foi o principal motivo da minha visita à Ilha da Madeira em setembro do ano passado. Trata-se da Floresta Laurissilva, declarada patrimônio da humanidade pela UNESCO em 1999. Seu nome vem das árvores características desse tipo de bioma, as lauráceas, verificadas nos quatro arquipélagos que compõem a chamada Macaronésia – Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde. O maior e mais bem preservado bolsão de lauráceas, contudo, fica nas terras altas da Madeira. E é na região do Fanal, onde a foto foi clicada, que se concentram os melhores percursos pedestres para observá-las.
Estima-se que a Laurissilva tenha surgido há mais de 20 milhões de anos, uma época em que ela provavelmente ocupava toda a região que hoje corresponde à bacia do Mediterrâneo, ao sul da Europa e ao norte da África. Em seu website, a Comissão Nacional da UNESCO em Portugal resume assim a ocorrência da floresta na Madeira:
“A floresta Laurissilva da Ilha da Madeira constitui, na atualidade, o remanescente de um coberto florestal primitivo que resistiu a cinco séculos de humanização. Segundo narrativas contemporâneas da descoberta da Madeira (1420), toda a ilha era coberta de extenso e denso arvoredo, razão pela qual os navegadores portugueses lhe atribuíram o nome de Madeira.
Trata-se de uma floresta com características subtropicais, húmida, cuja origem remonta ao Terciário, quando chegou a ocupar vastas extensões do sul da Europa e da bacia do Mediterrâneo. As últimas glaciações levaram ao seu desaparecimento no continente europeu, sobrevivendo apenas nos arquipélagos atlânticos dos Açores, da Madeira e das Canárias.
A Laurissilva madeirense ocupa uma superfície de 15 mil hectares (representando 20% do total da ilha), nas encostas viradas a norte, revestindo de forma luxuriante as íngremes vertentes e os profundos e alcantilados vales do remoto interior, representando, nos nossos dias, a mais extensa e a melhor conservada Laurissilva das ilhas atlânticas. Alberga numerosos endemismos, principalmente ao nível dos estratos arbustivos e herbáceos. É de realçar também a grande diversidade e o desenvolvimento que apresentam as comunidades de líquenes e de briófitos, principalmente as epífitas.”
© Foto: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados
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