Quinta-feira, 24 de setembro. Meu plano para o dia era simples: conhecer o Miradouro dos Balcões no período da manhã e voltar ao Pico do Areeiro à tarde. Pois foi mais ou menos isso o que eu acabei fazendo. O simpático tentilhão da foto abaixo foi fotografado na levada que conduz ao miradouro. Incrivelmente acostumadas com a presença de gente, essas aves se aproximam sem o menor receio em busca de comida. Trata-se de uma espécie endêmica (Fringilla coelebs maderensis), talvez o emplumado mais abundante na Ilha da Madeira. Pelas cores, acredito que o indivíduo da foto seja uma fêmea.
Quando saí da trilha dos Balcões, já passava do meio-dia. Estava faminto, e a poucos passos de um restaurante recomendado por vários guias e bloggers: o Ribeiro Frio, cuja especialidade é truta. Não pensei duas vezes. Sentei, pedi uma truta defumada e o vinho branco da casa. Para minha surpresa, o rapaz que me atendia voltou com uma garrafa oriunda de Favaios, no Douro, onde estive em 2012. Conhecia seus excelentes moscatéis. Vinho de mesa, nunca tinha tomado. Gostei.
Depois do almoço, eu deveria ter seguido direto para o Areeiro. Mas a curiosidade não deixou. Logo ali, bem ao lado do restaurante, começava uma trilha da qual nunca tinha ouvido falar, a Levada do Furado. O percurso é longo, 11 quilômetros ligando o Ribeiro Frio à Portela. Não dava, portanto, para fazer a trilha toda. Decidi caminhar o que fosse possível em uma hora. Com outra hora de volta, eu estaria no carro, pronto para seguir para o Pico do Areeiro, ali pelas 16h. Perfeito! Meu maior interesse no Areeiro era justamente o horário das 17h às 19h. Entrei na trilha mais feliz do que o normal, seguramente embalado pela garrafa de vinho que eu havia acabado de beber. E adorei o passeio. A levada atravessa uma área de vegetação exuberante, a floresta Laurissilva – declarada patrimônio mundial em 1999 e motivo maior da minha visita à Madeira.
Acabei me atrasando na Levada do Furado. Quando dei partida no carro, para finalmente seguir em direção ao Pico do Areeiro, o relógio já marcava quase 17h. E o pior (ou seria o melhor?): ao fazer uma curva, faltando poucos quilômetros para alcançá-lo, deparei-me com o incrível visual da foto abaixo. Parei, é lógico, e fiquei ali mais de meia-hora, assistindo ao espetáculo de uma imensa formação de nuvens baixas se chocando com os paredões do maciço central. Lindo. Inesquecível.
Cheguei ao Areeiro por volta das 19h, achando que o melhor da luz de fim do dia eu já havia perdido. Estava enganado. Optei por não avançar muito na vereda que conduz ao Pico Ruivo. Escolhi um bom quadro, com algumas variações quase sem sair do lugar e ali fiquei até o sol morrer. Ao guardar todo o equipamento para voltar ao Funchal, estava de alma lavada. Aquela quinta-feira tinha sido uma overdose de cenários espetaculares.
© Fotos: Eduardo Lima / Walkabout – Todos os direitos reservados
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